quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Por que o problema em relação a DROGAS é crescente? Onde estamos errando?

Esta semana, não sei se por coincidência ou pela importância do fato, ou ainda por este assunto estar mais evidente na mídia, assisti a algumas reportagens sobre drogas, em especial sobre o crack, ainda mais específico, sobre a cracolândia. No momento em que vi as imagens do local que “abriga” pessoas em um estado de transe fora do normal, realmente assustador, não pude deixar de lembrar imediatamente dos filmes de terror onde aparecem zumbis, sedentos por sangue (neste caso o crack), e prontos para fazer o que for necessário para consegui-lo, sem pudor ou qualquer tipo de consciência de quais consequências isto pode trazer. 
Vi mulheres grávidas, a ponto de dar a luz ali mesmo no meio da rua sem se importarem com a vida que estão gerando e qual o seu futuro e, quando questionadas em relação a abandonar o vício em benefício do bebê, apelando para o instinto materno, a resposta foi simplesmente: - Vício é assim mesmo, não dá pra largar. E o futuro desta criança? 
Há também mães com bebês de colo se drogando com o filho em seus braços e, consequentemente, inalando o restante da fumaça exalada pela mãe. Neste local vê-se pessoas de todas as idades, cores, classes sociais (que se nivelam lá dentro, pois os que tem alguma coisa passarão a miséria em pouco tempo), mas que acabam virando apenas “zumbis”. Meu principal questionamento foi: - E essas crianças? Terão escolha ou oportunidade de não virarem “zumbis”? 
Confesso que, depois de muito me debater com esta questão, fui obrigado a aceitar que será quase improvável consigam sair deste mundo, isso se conseguirem chegar a idade adulta (Confesso que não sei o que é pior). Hoje existem neste local, crianças que ainda não completaram uma década de vida e já estão tão tomadas pelo vício que já possuem sequelas, principalmente em relação a fala. Provavelmente este será mais um ser sem futuro ou, pelo menos, com um futuro totalmente previsível e nada fácil. 
Outra pergunta que não quer calar: Porque ninguém faz nada? Sei que existem diversas ONG´s trabalhando no local e pessoas que, por iniciativa própria também procuram dar auxílio a essas pessoas, mas e o Estado? O que faz? Acredito que esta seja a pergunta que acaba sendo o desfecho de todos os questionamentos. Como leigo no assunto referente a dependências químicas, seja de qual for à natureza, fico sem saber exatamente de quem é a obrigação de amparar estas pessoas. Parece-me que o mais provável seria o Estado, afinal tudo acaba sendo de responsabilidade destes órgãos. 

E nós? O que fazemos? Assistimos a programas de TV e ficamos lamentando enquanto as pessoas ao nosso redor, que não estão na cracolândia, mas na escola do meu bairro, na balada mais quente da cidade ou muitas vezes dentro da minha casa podem estar se tornando “zumbis” também? Você tem notado o comportamento do seu(s) filho(s)? Houve mudanças? Quem são os amigos dele? Que locais ele frequenta? Não sabe responder a estas perguntas com certeza? Acho que é aí que está a solução, ou pelo menos parte dela. 
Se você já passou dos 30 ou já parou para ouvir as histórias de como sua vó tratava sua mãe, de como ela era “pentelha”, autoritária, e não deixava fazer nada, já deve ter percebido que os filhos e pessoas próximas eram muito mais “controlados”. Hoje, no entanto, os pais vivem muito mais ocupados... Será que a tempos atrás, com o trabalho da roça, por exemplo, os pais não eram ocupados? Considero a falta de atenção e afetividade como o grande vilão da história. 
Cada vez mais estamos nos afastando, conversando menos, nos relacionando menos, vivemos em chats, trocando e-mails, usando telefones e tantas outras tecnologias mas não paramos alguns minutos com nossos filhos para simplesmente perguntar “como foi seu dia?” “Conheceu alguém diferente hoje?”, mas fazer isso com interesse verdadeiro e não por simples obrigação. Repreendê-lo, quando necessário, energicamente se for o caso, considero isso sinal de amor e não abuso (não confunda energicamente com tortura e sim com uma palmada). Não dar tudo o que ele pede e sim o que ele precisa afinal a vida sem um objetivo perde o sentido, a busca por novas conquistas nos ajudam a ficar “nos trilhos”. 
Acredito que, se cada um de nós, começar cuidando das coisas e pessoas ao nosso redor estaremos colaborando de forma eficiente para a solução de grande parte dos problemas sociais existentes e que costumamos colocar na responsabilidade do Estado. Comentários serão bem vindos, mesmo que seja para discordar.

Redigido por: Cleber Alegre

Um comentário:

  1. Parabéns pelo excelente texto e concordo plenamente com a sua opnião. Cada vez mais nos deparamos com viciados (perfeitamente comparados com "zumbis" como você citou) e ficamos amarrados a essa problemática sem saber o que fazer e muitas vezes até mesmo nos proteger. O "sangue" que estes zumbis procuram, considero ser o dinheiro para poder se drogar, fazem de tudo para obtê-lo. Pedem nas ruas, em nossas casas, se vendem, roubam, enfim... fazem o que for preciso para congui-lo. A cada dia isso aumenta se tornando um vício incontrolável, o que me preocupa. Penso que o governo precisa tomar medidas imediatas, pois este problema abala e destroi a sociedade. E as açoes que devemos tomar, é fazer o que você descreveu: "Educação familiar", tendo uma boa base familiar e acompanhamento no dia a dia de nossos familiares, mantendo uma comunicação e convívio efetivo, pois acredito que isto pode prevenir consideravelmente este vício terrível.

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